segunda-feira, 13 de abril de 2020

Pedras de Gelo 2



Toda unanimidade é burra ! -- ensinava Nelson Rodrigues.

Claro que eu não concordo com ele (porque, senão, haveria unanimidade e isso seria uma burrice). Entretanto, toda regra tem sua exceção (inclusive esta).

O Mandetta havia se tornado uma unanimidade nacional. Ao ponto de fazer, com seu profissionalismo e racionalidade, os eleitores do Bolsonaro se voltarem contra ele. Porque (lá vem outro dito popular): à mulher de César não basta ser honesta; tem que parecer honesta. Mandetta provou competência; Bolsonaro, estranhamente, nadou contra a correnteza, contra o bom senso comum. Começou, inexplicavelmente, a portar-se como o Cavaleiro da Triste Figura (Dom Quixote), sem ter ao seu lado um leal Sancho Pança.

Seus apoiadores ficam incomodados porque ele não os ajuda com essa insistência em ignorar os fatos. Estão vendo os números alarmantes no mundo todo (até nos Estados Unidos que, esses apoiadores, entendem ser um mundo à parte). No Brasil não é diferente. Então, por que o presidente age como um "Tonho da Lua" ?

Evidente que entre a ciência do ministro e o ocultismo do presidente, a maioria da população ficou com o ministro.

Porém (...♫♫♪ ai, porém...♪♪♫ -- Paulinho da Viola)

Dias e mais dias e mais dias e mais dias de isolamento, assistindo esse Fla-Flu interminável: cloroquina x isolamento, cloroquina x isolamento, cloroquina x isolamento... O saco encheu, mais de 1200 pessoas morreram, tem mais de 22 mil infectados e a coisa, ao que parece, vai piorar.

No início, Jair Bolsonaro tratou o caso como "gripezinha" e disse que, no ano passado, 800 pessoas tinham morrido de H1N1; com o Coronavírus não chegaria a esse número. Já são mais de 1200 mortes. Reclamou do comércio fechado, reclamou do isolamento, reclamou do alarde da imprensa...

E caso inédito no mundo: dado que no Brasil, na prática, não existe mais oposição, começou opor-se a si mesmo. Trucou publicamente o seu próprio governo, na figura de seus principais ministros. Contestou acintosamente tudo o que o SEU ministério recomendou à população brasileira. Vociferou contra governadores e prefeitos...

Enfim, pra encerrar: desde o primeiro espirro, sempre foi estranho o comportamento do presidente. Agora, parece-me estranho, também, o comportamento do ministro da saúde (a quem eu presto solidariedade). Acho que ele será, sim, substituído (o Dória deve "tá doido" pra isso acontecer). Afinal (aguenta mais esse): "tanto vai o jarro à fonte, que um dia quebra".

De tanto o Bolsonaro agir como maluco acreditamos que ele é maluco; mas, de tanto "engolir" esses "sapos ensandecidos", achamos que o Mandetta terá uma congestão múltipla desnecessária. Se um não concorda com as atitudes do outro, como fazem questão de escancarar (com fineza/grossura), excluam-se ! Ou demite (presidente), ou, demita-se (ministro). Falem e pratiquem a mesma coisa, para a união do país, ou, esse racha matará mais que o Covid-19.

Outra equipe virá e outros rumos serão tomados. O grande risco não é o vírus, é a nossa falta de eficácia.

Fica claríssimo que o sistema de saúde nunca teve leitos, respiradores, equipes de UTI's... NADA ! Sempre foi uma fachada bonitinha para casos não complexos (UBS's, Policlínicas, UPA's, Hospitais de Urgências, etc.). Um comprimidinho aqui, uma injeçãozinha acolá e volta pra casa. Para a maioria isso é o suficiente e somos gratos. Que fique bem entendido. Todavia, complicou um pouquinho, qualquer um com problemas respiratórios, morre. Falou que é pulmão, vixi ! Morreu. Agora, o país inteiro sabe porquê.

Lembrei dos "Cingapura" do Maluf: um "predinho", para poucas famílias, na avenida, escondendo a enorme favela por detrás.

Eu só espero que, quando tudo isso passar (e vai passar, independente de sob qual ministério), todo esse aparato NÃO SEJA DESCARTADO e SUCATEADO. Ao contrário, quero que passe, doravante, a servir ao povo brasileiro que PAGA POR ISSO, há séculos.

Por ora, continuamos à mercê do vírus e das nossas próprias patacoadas bem intencionadas. Então, restrinja as suas saídas ao mínimo necessário -- maldita situação na qual muitos, que estão "de boa", impõem a você o que ELES entendem por "necessário" --  e que Deus esteja com todos nós.



sábado, 11 de abril de 2020

Quarentena 2


Trancafiado em casa, bombardeado com tanta "informação", de tanta gente preocupada com o meu bem estar, lembrei-me de uma música do "Raíces de América" que foi vice-campeã no Festival Shell de MPB (1982). Ela diz: "... o interesse fabricou carimbos, o ódio à toa levantou paredes, a baioneta desenhou fronteiras e a estupidez nos separou em bandeiras..."

A China isolou Wuhan; depois, fechou suas fronteiras. A Itália isolou a Lombardia; a Espanha fechou-se... Pedras de um dominó planetário, caindo umas após as outras, desprezando convenções, ignorando montanhas, serras e mares. Um vilão invisível, intercontinental, inter-racial, alheio aos status quo.

Para lembrar-nos o óbvio: somos uma coisa só, estamos todos unidos, de alguma forma, à Natureza. E como já dizia aquele sábio líder indígena: "tudo o que se fizer à terra recairá sobre os filhos da terra". Somos as microcélulas de um universo pulsante, vivo. Nós somos os anticorpos do organismo universal, por isso raciocinamos: para criar defesas e protegermos a vida, em todas as suas formas.

Isso é uma dádiva ! Uma bênção pela qual devemos ter gratidão. A vida na Terra nos vê como amigos e protetores; não como covardes. Agir contra ela, por interesses mesquinhos, é a maior covardia do ser humano.

Sempre que nós mesmos nos tornarmos uma ameaça caberá ao cosmos manifestar sintomas, agredindo-nos, chacoalhando-nos, despertando-nos. Incitando-nos a avançar, evoluir...

A opção "falhar" não existe.

Nossos espíritos irmanados singrarão essa tormenta; nossas mentes e corações aportarão em porto seguro, ainda mais saudáveis...

É um começo.

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Pedras de Gelo

Como eu vejo algumas coisas:

1) - Quarentena, se depender da Globo, são QUARENTA ANOS ! De medo, pânico e paranoia. Ao contrário de TODO o comércio e indústria, ela cresce com todo mundo trancafiado em casa;

2) - O país já entendeu que o presidente não reza a cartilha da OMS. O Jornal Nacional já conseguiu isolá-lo (vendê-lo como maluco será um pouco mais difícil), pode começar a dedicar seu precioso tempo reforçando as AÇÕES DO GOVERNO, que estão nas mãos de competentes ministros. Chega de nos "encher o saco" com as bravatas presidenciais, porque o que ele diz não é o que os ministros fazem e ele, presidente, não os impede de fazer;

3) - Todo mundo tá obtendo dividendos políticos "criando" leitos. Entretanto, ninguém diz que são só isso: LEITOS. Como se os infectados precisassem de lugar para descansar. Pouquíssimos estão equipados com respiradores (o essencial). O resto é balela, os pacientes são orientados a se tratar em casa, devidamente isolados, por um período "x", com medicamentos normais para criar anticorpos;

4) - Com esse isolamento domiciliar é natural que os consumos de energia elétrica e de água subam. Eu não vi, nem ouvi, quaisquer declarações das respectivas companhias, no sentido de que irão manter as médias de consumo dos meses anteriores ao aparecimento da doença. Eu não quero facilidades de prazo: EU NÃO QUERO É AUMENTO DE VALOR. Assim como, eu acredito, o comércio que FOI OBRIGADO A FECHAR, não queria ser agraciado com EMPRÉSTIMOS.

Depois tem mais.