quinta-feira, 14 de maio de 2020

No Brasil, o rabo abana o cachorro


Eu não faço questão nenhuma de ver o vídeo da reunião do Bolsonaro com os seus ministros. Como não faço questão nenhuma de ver o vídeo de quaisquer reuniões de trabalho, de equipes de quaisquer empresas. Principalmente as chamadas "brain storms". Isso é coisa pra masoquistas.

No caso da investigação atual, só as passagens envolvendo os dois litigantes devem ser analisadas pelos juízes. Todo o resto só interessa à parte da imprensa, que não vê a hora de acessar o "material", para ter "material" pra suas futricas (em todas as áreas do governo). Combustível suficiente para tentar pôr fogo no circo até o final do ano.

Claro que conseguir derrubar o governo seria um bônus. Renderia um prêmio "M" (de vocês sabem o quê) pra alguma "intrépida" jornalista, ou algum "arrojado e patriótico" jornalista. Daí a sanha com que a mídia investe tanto na tal "transparência". A recompensa poderia ser, desde o retorno de propagandas milionárias até, quem sabe, novas concessões.

Eu vou dar a minha visão sobre o caso: cargos de livre nomeação e exoneração existem nos três níveis -- municipal, estadual e federal. O chefe do executivo nomeia quem quiser, desde que considere a pessoa habilitada para o cargo. E a mantém pelo tempo que achar necessário. Alguns comissionados trabalham tão bem que permanecem, além das trocas do titulares nas chefias.

Todavia, é bastante comum o prefeito, governador ou presidente, usar politicamente esses cargos como "moeda de troca", para harmonizar forças e poder conduzir o seu projeto de governo por um céu de brigadeiro, sem tormentas. 

Daí, ele chega para o nomeado e diz, simplesmente: preciso do seu cargo ! E tchau e bênção ! Acontece o tempo todo, no país inteiro. Ministros são cargos de confiança da presidência. O presidente nomeia e/ou exonera. Se ele chega para um nomeado e diz que "precisa" de tal cargo (que seja de indicação desse nomeado), o nomeado chega para o ocupante do cargo abaixo e diz: preciso do seu cargo ! É assim que funciona.

Não cabe ao comissionado questionar o por quê ? São razões inerentes ao chefe do executivo. Ele, comissionado, pode defender o seu subordinado, explanando sobre suas qualidades; mas, não pode se opor. Sob risco de sair junto com o subordinado, já que ambos são cargos de livre nomeação e exoneração do poder eleito.

Ninguém explicou isso para o juiz que abandonou 22 anos de conceituada carreira no magistrado e resolveu navegar mares nunca dantes navegados (por ele).

Eu acho que esse episódio só pareceu mais estranho por uma razão: o semblante e o jeito sério do Moro contrasta em tudo com o modo "Jânio Quadros" do Bolsonaro, o que deu a falsa impressão de que era o subalterno quem despedia o superior.

Entretanto, não é isso. Eu acho que o Moro meteu o pé pelas mãos. Jogou fora uma excelente oportunidade de servir ao Brasil, em cargos importantes para o país. E, na minha opinião, é o errado nessa história toda.

Caso encerrado !


quarta-feira, 6 de maio de 2020

Pedras na Mão


O cara de São Paulo disse que o objetivo dos bloqueios nas avenidas era irritar e causar incômodo nas pessoas... Conseguiu ! A operação foi um sucesso: não teve um que não tivesse a vontade de dar um murro na cara do sujeito.

Então, por que os bloqueios foram cancelados ?  Simples: porque essa foi mais uma medida "bem intencionada", assim como tem sido "bem intencionada" a comunicação dos governos, em toda essa pandemia.

Eu explico; mas, antes, uma pergunta: não é ÓTIMO quando o mundo real bate de frente com o setor público, jogando nele um balde de água fria ?

Há muito tempo que o setor público, NO BRASIL, descolou-se da realidade. Foi aos poucos, lá atrás, conquistando a simpatia de todos, com pequenos agrados a "gente concursada", estudada, a "nata" da sociedade. À medida que esses pequenos burgueses iam se graduando, mais distantes do chão iam ficando.

Os que comandavam os poderes (executivo, legislativo e judiciário) começaram a fundir entendimentos, definições, ambições pessoais... Derramaram esse "caldo" sobre as esferas (municipal, estadual e federal), desaparelhando gradualmente suas próprias bases, desestimulando os elos diretos com a sociedade (para que se quebrassem), desagradando sua própria gente.

Forçou uma metamorfose na imagem popular para que julgassem o "todo" (maioria de servidores) pela parte (cúpula mandatária). Deixou claro, então, que seu lema mudara do "servir ao povo" para o "servir-se do povo". Os setores de decisão deixaram de ser "prestadores de serviços" e viraram "prestadores de favores" -- não qualquer um; nem para qualquer um; nem à toa.

Hoje, décadas e décadas de separação crescente, enxergamos só o poder executivo. O legislativo tá na neblina e o judiciário saiu da estratosfera. Por isso o setor público, aos nossos olhos, é um mundo nebuloso. Seus líderes acreditam que são superiores ao povo do mundo cinzento. Só que o "mundo cinzento" é o mundo real, que sustenta tudo isso.

Isso explica muita coisa no Brasil. É por isso que o mundo fantástico tem tantas dificuldades para ajudar o mundo cinzento: neste, a fantasia não se aplica.

Bom, já vimos que "boa intenção" não basta; é preciso competência ! De "boa intenção" é o calçamento da estrada que conduz ao inferno -- já diz o ditado. Muitos energúmenos, no intuito de proteção ao ambiente, geram o caos no mundo com sua ações "jeniais".

Esses "jênios" estão por todos os cantos: alguns, nos ministérios; outros, nas diversas secretarias federais, estaduais e municipais; uns, em todos os tipos de entidades (muitas, das quais, nem sabemos da existência, ou para que servem); outros, à frente de prefeituras e estados.

Vamos trocar esses iluminados à lamparina, em nível municipal, por iluminados mais modernos, a partir desta próxima eleição.

Essa foi uma pedra. Vamos à outra... (na próxima postagem).




domingo, 3 de maio de 2020

Pedras de Gelo 3


Maio traz expectativas mil.

Especulações da mídia com as afirmações de Moro, sobre as supostas mentiras de Bolsonaro; com as afirmações de Bolsonaro, sobre as supostas mentiras de Moro. E a nossa suspeita no ar de que ambos dizem a verdade.

Isso vai dar em nada. O sistema de governo brasileiro é o presidencialismo, não o parlamentarismo. Não existem, no Brasil, um presidente e um primeiro-ministro. A constituição tampouco tolera um presidencialismo "de parzinho", onde haveria mais de um presidente mandando.

Moro foi fiel à sua biografia e Bolsonaro à do cargo. Ambos estão certos e esse episódio tem que ficar para trás, sob pena de, aí sim, riscar imagens construídas pelo tempo.

Qualquer outra coisa é ganho da mídia que, outro dia, tentou, criminosamente, imbuir em nós a tendência de torcida para um dos lados. Apresentou como "prova" uma conversinha por "zap" com pessoa totalmente fora do contexto.

Ora ! Se o fiel conversa diretamente com o Papa, sobre segredos da igreja, por que diabos, aceitaria insinuações de quaisquer coroinhas ou padres, que insinuassem ter o poder de "persuasão" sobre o alto pontífice para favorecê-lo ?

Ele, obviamente, rechaçaria tais insinuações "de pronto!" e se mostraria evidentemente indignado, claro ! Alguns assuntos não admitem intermediários. Portanto, aquilo NÃO PROVA coisa alguma. Só a deselegância do ex-funcionário e a secreção venenosa na boca da comunicação.

No próximo texto falarei sobre a pandemia e o combate "à brasileira".