terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

ANIMAIS (2)

Julgue-se o Homem pela qualidade de vida dos animais.
Não tem animais ? Então, não pode haver o homem.



Cavalle

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

ITINERANTES

(aos meus amigos, itinerantes como eu)

“Navegar é preciso; Viver não é preciso.”
Navegadores antigos, segundo Fernando Pessoa.



Morei em inúmeros lugares e trabalhei em vários outros. Conheci gente de tudo quanto é tipo e, hoje, tenho amigos espalhados por esse mundão de meu Deus: em Rio das Ostras, Cataguases, Varginha, Bragança Paulista, Furnas, Rio de Janeiro, Nova Friburgo, Carmo do Paranaíba, Rio Pombo, Juiz de Fora, Itatiba, Brasília, Osasco, Arujá, Praia Grande... Guarulhos e São Paulo.

Essa foi a vida escrita para nós, eu não estou me gabando disso, de jeito nenhum. Entretanto, isso é fato e, sinceramente, acredito piamente que é um tesouro inestimável, muito maior do que dinheiro (o que, aliás, nenhum de nós teve, ou, guardou; a gente gastava o que ganhava. Lembram daquele dia, voltando da praia? Parados num boteco de posto de beira de estrada, o Deu nisso, injuriado, perguntando quanto cada um tinha nos bolsos? Cada um fez a limpa e mostrou nas mãos um punhadinho de moedas. O Deu nisso catou todo o dinheiro e disse: _ Se eu tô duro, todo mundo vai voltar duro que nem eu. Virou pro atendente e pediu tudo em doces, água, etc. Meia hora depois, na estrada, deram de cara com o pedágio. Tinham esquecido e estavam lisos que nem quiabo, mas, isso é outra história).

Fomos ciganos, sob determinado aspecto; vickings, sob outro. Formamos um clã, de pensamento comum e ações parecidas, modo de encarar a vida de um jeito diferente, respeitando-a em todos os momentos e sendo amigos de verdade.

Por isso fizemos essas travessias malucas. Ora a vida nos jogava para cá, ora para lá. Um antigo chefe (de sabedoria ímpar e nihilismo exemplar), disse-me uma vez, quando eu pensava se pedia transferência ou não, que cobra que não anda não engole sapo. E é verdade: as cobrinhas tem mais é que andar.

Depois, com o tempo, a gente vai se identificar mais com algum lugar, vai pegar gosto e decidir que é momento de criar raízes. Olhando para trás riremos satisfeitos. Sentindo-nos plenamente recompensados, com as almas gordonas, repletas de vida. Mas, sempre teremos, vez ou outra, aqueles comichõenzinhos que nos farão meditar.

“Valeu a pena ? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.”

(Fernando Pessoa)

Quantos de nós, quantas vezes, fizemos isso?
Foi isso que nos deu consistência.

E, amigos! Eu sinto no ar a presença de nova mudança, a gente sabe como é, pressente os sinais. Minha vida vai mudar de novo. Como sempre, estou de peito aberto e doido para aprender mais sei lá quantas lições novas. É o que nos une.

Deus escreve certo, não é por linhas tortas porque isso não é difícil. Deus escreve certo sem linhas nem cadernos e, onde tem linhas, são linhas tortíssimas, engruvinhadas umas nas outras. E Ele escreve certinho, com letras góticas, fica tudo retinho, coisa linda...

Amigos! Fiquem calmos porque, com o tempo, vamos ficando cada vez mais tranqüilos. À medida que percebemos que já singramos os sete mares, o espírito aventureiro vai se comportando. Mas, até lá, navegar é preciso. É a nossa natureza.

O grande Marcelo Nova já cantava:
“...mas quase afogando, o desejo não termina; pois navegar à esmo, talvez seja a nossa sina...”

A gente se vê, nas encruzilhadas por aí.
Movamo-nos! Que a fortuna nunca nos abandonou, nem abandonará.



Cavalle